Foi um estudo prospectivo observacional do Dr. Jackson Roberto de Moura, tendo colaboradores Dr. Marcos Murilo de Lima Faria, Dr. José Ivo Ribeiro Júnior e Dr. Eduardo Alonso, pra fins de sua tese de Doutorado junto a Universidade Italiana Universitária de Rosário – Rosário/Argentina. Desenvolvido no Brasil no Instituto da Mama de Ubá – Ubá/MG em parceria com Clínica Origem – Belo Horizonte/MG no período de Setembro de 2015 a Dezembro de 2016 com 351 gestantes com realização do ultrassom com 12 semanas de gestação com Doppler das artérias uterinas por via abdominal e vaginal comparando eficácia de predição da Pré-eclampsia ( Doença Hipertensiva Específica da Gravidez).
A Pré-eclampsia é uma desordem associada a gestação, caracterizada pela presença de hipertensão e proteinúria com surgimento após 20 semanas de gestação, que acomete cerca de 7 a 10% de todas as gestações. Constitui-se na principal causa de parto prematuro iatrogênico, morbidade materna, fetal e perinatal. Um dos grandes objetivos da medicina materno-fetal é o detectar precocemente as gestantes de risco para a situação, com a finalidade de melhorar os resultados materno, fetal e perinatal. O dia 22 de Maio é marco da campanha mundial de conscientização chamado Dia Mundial da Pré-eclâmpsia, patologia que determina morte de duas a três mulheres por dia no Brasil.
A mortalidade materna é relacionada a coagulação intravascular disseminada / Síndrome de HELLP em 10 a 20%, Edema pulmonar e aspiração (2 a 5%), Insuficiência Renal Aguda ( 1 a 5%), Descolamento Prematuro de Placenta (1 a 4%), Eclâmpsia (menos que 1%), Hemorragia ou Insuficiência Hepática (menor que 1%) e outras.
A Restrição do Crescimento Intrauterino (CIUR), consequente da Insuficiência Placentária, tem associação e determina aumento de mortalidade fetal.
Estudos recentes encontram mais ocorrência no histórico prévio da doença ( razão de prevalência de 1,57, IC 95%, p < 0,001) , cor da pele negra ( razão de prevalência de 1,15 , IC 95%, p = 0,04) e na obesidade.
Além dos 3 fatores citados, outros são relacionados de acordo como: Primeira gravidez (nuliparidade); Curto intervalo de intergravidez; A pressão arterial elevada antes de engravidar; Diabetes, Doenças Renais, Artrite Reumatoide, Lúpus ou Esclerodermia; Idade inferior a 20 anos ou superior a 35; Gravidez anterior com DHEG; Associados com o marido ou companheiro da mulher grávida; Pai pela primeira vez; Anteriormente pai de uma gravidez com DHEG; Associado com a condição do feto quando Gravidez Gemelar, Hidropsia fetal e triploidia; e Mola hidatiforme.
A predição de pacientes com alto risco para DHEG tem sido foco de pesquisa atual e, no presente, o primeiro trimestre é considerado o período gestacional preferido para triagem da Pré-eclampsia. O uso profilático de aspirina de baixa dose começando no início da gestação ( antes de 16 semanas) é capaz de reduzir a prevalência da enfermidade em até 50% e diminuir significativamente as taxas de morte materna e perinatal. Embora não tenha sido adotado um procedimento de triagem eficiente único para predição, o Doppler das artérias uterinas é o teste clínico mais amplamente estudado disponível para este propósito específico, tornando-se um método útil para a avaliação indireta da circulação uteroplacentária no início da gravidez ( 11 – 14 semanas).
A cura da doença requer a interrupção da gestação, podendo não ser a melhor opção nos casos de fetos muito prematuros. Dessa forma, uma vez estabelecido o diagnóstico, deve-se tomar a decisão de realização do parto ou conduta expectante, em função da idade gestacional, da vitalidade e da gravidade da doença, sendo o principal objetivo da conduta a segurança da mãe.
As gestantes do estudo realizado tinham idade média de 31 + 5,3, 56,4% nulíparas, etnia caucasiana ( 66,7%), oriundas de Ubá-MG ( 42,1%), peso médio 66,5 + 11,3, altura média 1,63 + 0,5, IMC médio 25,3 + 4,1. A ocorrência de Pré-eclampsia foi de 7,1% ( 9 casos)
Estimativas dos coeficientes das regressões logísticas binárias ajustadas de acordo com o modelo logit que relaciona a probabilidade de ocorrência da Pré-eclampsia em função das variáveis índice de Pulsatilidade Médio Vaginal (IPMVAG) e índice de Pulsatilidade Médio Abdominal (IPMABD), separadamente, possibilitaram um ganho de 5,9 pontos percentuais de detecção com o método vaginal na predição da Pré-eclampsia.
O Índice de Pulsatilidade médio ( IPMVAG) medido método vaginal é melhor preditor do que o medido pelo método abdominal para detecção do Pré-eclampsia ( DHEG), tendo aumento de probabilidade com aumento do Índice de Massa Corporal ( IMC). Os valores de referência recomendados de IPMABD e IPMVAG são iguais a 2,5 e 3, respectivamente.
Portanto, o estudo realizado teve uma contribuição positiva, criando uma tabela nova com base com IMC disponível e valores novos de referência. Teve apresentação no Congresso Mundial de Ginecologia e Obstetrícia – FIGO 2018, dentre os poucos selecionados estudos do Brasil, e aceitação em renomada revista internacional britânica de medicina.